Se o Brasil é hoje
considerado um país multicultural, devemos isso à herança dos povos indígenas. A
influência desse grande povo à identidade brasileira vai muito além de
palavras, objetos, espécies domésticas e técnicas de manejo do ambiente. A
constituição do Brasil como um país multicultural se deve, sobretudo, aos
grupos indígenas que, ainda hoje, são parte constituinte e atuante da sociedade
brasileira.
- A língua Brasílica
No Brasil, existem hoje cerca de
180 línguas indígenas diferentes. Desde o século XVI, o contato entre as
línguas nativas e as europeias, sobretudo o português, fomentou processos de
transformação linguística por todo o território. Cerca de metade das línguas
indígenas existentes na época foi extinta pelo violento processo colonial.
As principais línguas
tupi-guarani faladas pelos habitantes do litoral (o tupinambá e o guarani)
foram sistematizadas já no início da colonização. Seu uso por missionários
jesuítas não se limitava apenas à comunicação com os indígenas, como comprovam
as mais de 30 composições líricas e dramáticas escritas em tupinambá por José
de Anchieta. Essa língua era chamada de língua brasílica no século XVII e, nos
pontos mais longínquos da administração colonial, era usada como língua
corrente entre portugueses e seus descendentes (predominantemente mestiços) e
escravos africanos.
A língua tupi de São Vicente e do
Alto Tietê deu origem à chamada língua geral paulista, falada pelos
bandeirantes que, no século XVII, saíram para explorar Minas Gerais, Gioás,
Mato Grosso e a Região Sul do país, até ser suplantada pelo português, já no século
XVIII.
O tupinambá também deu origem à
língua geral amazônica que, a partir do Maranhão, espraiou-se pela calha do rio
Amazonas. A língua geral amazônica, atualmente conhecida como nheengatu, ainda
hoje é falada na região da bacia do rio Negro.
- Palavras Indígenas
Abaixo, vocês verão algumas palavras de origem
indígena absorvidas pela língua portuguesa:
Biboca
(do guarani yvyoca) = casa de barro;
Canoa
(do caribe canuaua) = embarcação;
Pereba
(do guarani peré) = cicatriz, vestígio, mancha;
Pipoca
(do guarani popó) = saltar, brincar;
Pitar
(do guarani pitá) = fumar;
- A Geografia Tupinambá
A
influência indígena no Brasil é significante a ponte de termos cidades e até
mesmo Estados nomeados por palavras indígenas, Tupinambá.
São
alguns dos nomes e seus significados:
Araraquara - formigueiro de arará;
Aratuípe
- no rio dos caranguejos;
Boraceia
- dança;
Butantã
- chão duro;
Caraguatatuba
- gravatazal;
Comandatuba
- feijoal
Ipanema
- rio sem vida, sem sorte;
Ipiranga
- rio vermelho;
Itaim
- pedrinhas;
Itaquaquecetuba
- lugar onde há muita taquara-faca;
Jabaquara
- esconderijo de fugitivos;
Jacareí
- rio dos jacarés;
Jaguariúna
- rio preto das onças;
Jundiaí
- rio dos bagres;
Moji-Mirim
- rio pequeno das cobras;
Paranapiacaba
- mirante do mar, lugar onde se vê o mar;
Paraíba
- rio ruim;
Pavuna
- lagoa escura;
Piracicaba
- lugar aonde chegam os peixes;
Sergipe
- no rio dos sirirs;
Ubatuba
- lugar onde há muita cana para flechas.
- “Curiosidades
indígenas”
O Dia
do índio, 19 de abril, foi criado pelo
presidente Getúlio Vargas através do decreto-lei 5540 de 1943, e relembra o dia, em 1940, no qual várias lideranças indígenas
do continente resolveram participar do Primeiro Congresso
Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações
não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi
criado o Instituto Indigenista
Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos
direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao
instituto, mas após a intervenção do Marechal Rondon apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio no dia 19
de abril.
Foi decretado pela ONU o
"DIa Panamericano dos povos indígenas"
O Museu do Índio do Rio de Janeiro é um órgão científico-cultural da Fundação Nacional do Índio. Foi criado pelo antropólogo
brasileiro Darcy Ribeiro em 1953.
Única instituição oficial
no Brasil exclusivamente dedicada às culturas indígenas, tem como objetivo
divulgar uma imagem correta, atualizada e desprovida de preconceitos dessas
sociedades junto a públicos diversos, despertando, dessa forma, o interesse
pela causa indígena.
Seu rico acervo, relativo
à maior parte das sociedades indígenas brasileiras contemporâneas, é
constituído de 14 000 peças etnográficas; 16 000 publicações
nacionais e estrangeiras especializadas em etnologia e outras áreas relacionadas na Biblioteca Marechal Rondon;
50 000 imagens em diversos meios, sendo 3 000 fotografias já digitalizadas e
armazenadas em CD-ROMs; cerca de duzentos filmes, vídeos e gravações de som;
bem como 500 000 documentos de texto com valor histórico sobre vários grupos
indígenas e sobre a política indigenista do Brasil do final do século XIX até
os dias de hoje.
Em onze salas do prédio
principal, o Museu do Índio organiza mostras temporárias de peças e fotos,
usando o acervo guardado em suas reservas técnicas. Nos jardins da instituição,
há cinco ambientações: uma casa e roça guarani, cozinha e casa xinguanas além
de troncos do ritual xinguano Quarup.
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