terça-feira, 9 de abril de 2013


Sexualidades em sala de aula; discurso, desejo e teoria Queer.
Luiz Paulo Moita Lopes (UFRJ)

Discursos sobre sexualidades: Alunos, professores e políticas públicas.

Mesmo que o tema das sexualidades seja cada vez mais debatido fora da escola (na mídia, por exemplo), essa questão geralmente, ainda é um tabu em sala de aula. Os professores definem a sexualidade como importante somente na vida privada, anulando assim as percepções e conseqüências sócio-políticos e culturais, entendendo somente como um problema individual. Para eles os corpos na escola não se desejam. Em um artigo ousado e pioneiro sobre erotismo e pratica pedagógica, Bell Hooks (1994) nos alerta para como fomos ensinados a ignorar a questão da sexualidade na educação. Como se os alunos na sala de aula não sentissem desejos, não pensassem em sexo, como se eles fossem treinados para separar mente e corpo ao adentrar o recinto escolar. Não surpreende que os livros didáticos e as propostas curriculares tradicionalmente também funcionam nessa visão. O mesmo se fala sobre gênero e raças, e também em relação ao professores, que também são vistos como pessoas que não sentem desejos sexuais. Mas é claro que essa questão de esquecer o corpo naturaliza ideais corpóreos de raça como branquitude,de gênero como masculinidade e de sexualidade como heterossexualidade. Porem, isso não quer dizer que essa questão não esta nas escolas, hoje em dia a escola é um dos principais lugares,onde formam as identidades sociais de forma generificada,sexualizada e racializada. Sendo porem cada dia mais natural vermos discursos sobre as diferenças, a mídia e a internet nos traz essas diferenças para dentro de casa com movimentos sociais,tais como feministas,antirracistas e gays,lésbicas,bissexuais,transexuais. E assim a escola também começa aos poucos a fazer discursos ligados a esse tema. Pois no dia a dia temos que lidar com a sexualidade na televisão, programas que mostram homossexuais, bissexuais etc. Reportagens que mostram a luta por conseguirem direitos iguais, como exemplo: casamentos entre pessoas do mesmo sexo, adoção de filhos etc. Alguns sociólogos descrevem essa questão como quebra de tradição social,o que era somente visto entre quatro paredes,hoje avançou para a vida publica,adentraram a sala de visitas,pelo menos pela tela da TV,levando nos a um processo de reflexão sobre quem somos e a possibilidade de construção de nossas vidas em outras bases.Tarefas feitas em escolas,muitas vezes comprovam que cada vez as crianças tem acesso mais cedo sobre a questão da sexualidade.foram feitos trabalhos com crianças da 5 serie em que mostraram que já tinham muitas informações sobre o assunto.ex: motéis,dor/prazer,posições sexuais etc.embora não tenham aprendido isto na escola,eles mostram que aprendem com a TV e internet. Mais ainda existem aquelas famílias tradicionais,onde os pais tem o conceito machista e não aceita que seus filhos tenham acesso a este tipo de informação,por este motivo,os professores devem saber como passar estas informações em sala de aula, Pelo fato de muitos alunos terem a visão tradicional que vem dos pais,ainda existem muito preconceito com o homossexualismo em sala de aula,e isso torna complicado para os professores abordarem o assunto na sala.Porem eles devem estar preparados , ai paramos para pensar como tem sido a formação de professores,como as universidades tem os preparados para a questão de vida social. No entanto,as políticas publicas no campo da educação têm mais recentemente,chamado a atenção para a sexualidade,como um traço constitutivo de quem somos.nota-se uma preocupação ,que indo alem das tradicionais explicações dos chamados fatos da vida,tratando de aspectos relevantes da reprodução e sexo seguro.focaliza sexualidade como procura por felicidade(sexual) e na expressão de desejo/amor um pelo outro.Por causa do seu trabalho,os professores estão na linha de frente dos embates sociais e culturais e não podem esperar que as mudanças sejam efetivadas políticas para implementar em sua pratica.

Uma visão lógica monocultural e da lógica multi/intercultural.

A lógica monocultural se associa a um modo de explicação de vida social voltada para mesmidade.(somos todos iguais,ou seja,somos guiados por significados homogêneos que produzem uma única interpretação). Por outro lado, a lógica multicultural vai à direção da heterogeneizacao e a diferença. A ótica multi/intercultural,por outro lado, baseia-se na compreensão de que somos seres do discurso e de que como tais somos constituídos pelos significados diversificados em que circulamos(somos seres da diferença e não do significado único). E principalmente mostra como esses significados coexistem dentro de nos mesmos, muitas vezes de forma contraditória e cambiante. Os atravessamentos culturais dentro de nos mesmos, e é neste sentido, que nos somos a diferença e não os outros.somos seres que podem atravessar as fronteiras discursivo-culturais da sexualidade e se familiarizar com outros discursos sobre quem podemos ser sexualmente.

Uma visão Queer das sexualidades.

A teoria queer chama mais atenção pelo seu caráter problematizador e questionador de qual quer sentido da verdade em relação a sexualidade. Queer é uma palavra inglesa porem tem sido utilizado em português pela ausência de uma equivalente nessa língua que tenha esse sentido. Alem de ser uma palavra que significa estranho, inesperado e não natural,queer também é uma forma antiga de se referir a homossexuais de forma ofensiva.
Porem esse termo foi re-apropriado, deixando de ser insulto e passando a nomear abordagens que tentam explicar as sexualidades como arena de recusa a naturalização e normalidade tanto no que diz a respeito a obrigação de ser heterossexual como também ao ideal de uma identidade homossexual homogênea,estável,como destino sexual,dos quais não se podem escapar,como querem tradicionalmente muitas das posições essencialistas dos movimentos GLBTS. É claro que entendo a importância da historia, já mencionada aos movimentos que luta pela defesa de formas alternativas de vida sexual;principalmente pelas dificuldades em que eles encontram no dia a dia. Contudo, desejo encaminhar como sendo mais política a compreensão do desejo sexual,independente de sua escolha. A abordagem Queer que desestabiliza a posição privilegiada da heteronormatividade,a qual é dada ao direito de tolerar outras sexualidades. Possibilita pensar de modo diferente,usando uma outra lógica e assim torna possível escapar dos pensamentos fechados,das tradições e das compreensões já conhecidas sobre a sexualidade. A posição queer nos implica compreender que os objetos de desejo podem mudar durante a vida. Tem portanto como projeto a quebra da chamada matriz heterossexual por meio da qual o desejo tem sido avaliado,justificado e legitimado.

Potencias das teorizacoes queer para a educação.

A teoria Queer pode iluminar nosso trabalho em educação quando o assunto é os problemas causados por visões normalizadoras da sexualidade,oferecendo uma alternativa de compreensão dos desafios desestabilizadores das praticas sociais que vivemos,dos discursos sobre sexualidade que os alunos fazem circular em sala de aula.dos discursos dos professores que não legitimam tópicos sobre sexualidade.Ao constituir uma possibilidade de compreender as sexualidades que esta alem das políticas de diferença,que preconizam a tolerância e deixam implícita a norma,ajuda a diminuir a ignorância existente entre alunos e professores,tanto sobre a homossexualidade,como sobre a heterossexualidade. A posição Queer não se qualifica por uma atitude defensiva em relação a sexualidade x ou y.
Trazer para sala de aula as próprias praticas sociais que tematizam a sexualidade das quais os alunos participam como espectadores da mídia e como participante da vida escolar, pode ser um modo de facilitar a compreensão da natureza fluida e fabricada das sexualidades. Há uma motivação ética para compartilhar tal teoria, uma vez que implica ganhos dessa natureza. Que a escola seja um lugar de recriar a vida social, de compreender a necessidade de não separar cognição e corpo, de se livrar de discursos binários aprisionadores, de se questionar incansavelmente e de se preocupar com a justiça social e ética.



Taís Regina Nascimento Maciel  6814007161

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